Iara Margarida: Um sorriso do tamanho do mundo que não pode esmorecer!

Sempre aprendemos e tivemos a noção de que uma das principais obrigações de um homem ou de uma mulher, é de fazer tudo o que lhe seja possível para que os outros seres humanos tenham o direito efectivo a uma vida condigna. Este modo de pensar, torna-se para nós muito mais claro quando se trata de crianças indefesas que tantas vezes, vivem as piores coisas da vida apesar de como as outras. Elas são sem dúvida a melhor coisa do mundo. Foi com esta postura que desde há já alguns anos passamos a ir todos os fins-de-semana ao antigo lar “As Florinhas” buscar duas ou mais crianças para que connosco passasse alguns bons momentos (fins de semana), mas, ainda longe de tudo aquilo que lhes é merecido e justo. Um dia, a Segurança Social procurou-nos, e solicitou que tomássemos conta e apoiássemos uma criança de “alto risco”. Ela era, a IARA MARGARIDA, e tinha então 25 dias de vida. A Iara nasceu de uma mãe que apresentava altos índices de consumo de estupefacientes – que nem mesmo a gravidez fez parar, não resistindo aos apelos do terrível vicio. O inocente ser, corria efectivamente o risco de vir a ter uma vida madrasta onde um simples sorriso mais não seria que uma miragem, e um desejo adiado logo apagado pelo amargo das lágrimas vertidas pelos seus olhos tristes. Quisemos que os seus olhos brilhassem como é devido, e por isso não hesitamos um só momento, em trazê-la para casa. Fizemos da Iara uma de nós, e dentro do possível “adoçamos-lhe” os dias, transmitindo-lhe a noção necessária de que nem sempre o sol brilha, e por vezes surgem as tormentas. Preparámo-la para enfrentar os momentos bons, e os momentos maus, conforme nos haviam ensinado a nós, conscientes de que esse era o nosso dever enquanto esteios daquela flor em crescimento. Porém, volvidos que foram dois anos, apareceu a mãe biológica da Iara Margarida, e o seu suposto pai. A primeira, mãe porque a pariu, o segundo, suposto, porque a ciência veio a provar que efectivamente não o era, contrariamente ao pensado e afirmado. O caso passou então pelo Tribunal de Alijó que decidiu que a menina fosse entregue à mãe biológica de uma forma gradual, sendo que, teríamos o direito a visitá-la aos fins-de-semana – o que não foi cumprido. Obedecemos, mas não esmorecemos nos nossos cuidados. E não deixamos de ver a menina apesar da proibição da mãe. Soubemos que na Escola a Iara aparecia frequentemente doente, que se isolava e não brincava com as outras crianças. Mas um dia felizmente, falamos com então PAI da IARA dizendo-lhe que sabíamos que a menina se encontrava doente.Nesse mesmo dia entregaram-na de novo para que tomássemos conta dela, o que de imediato e com gosto fizemos com conhecimento da Segurança Social. Entretanto, e porque, a mãe biológica não largava o vício das drogas, encetamos uma nova frente de batalha tendo em vista recuperar um ser em autodestruição. Preocupados, internamos e suportamos do próprio bolso os tratamentos necessários à mãe biológica da Iara – primeiro a estada numa RAN e depois o internamento no Brasil. Ao internamento no Brasil, segue-se um momento em que a “mãe biológica” esquece a realidade que acabara de ultrapassar e exige de novo a custódia da filha à Segurança Social (Junho de 2005). Face a esta exigência, a Segurança Social estabelece que a mãe biológica pudesse ver a Iara em casa dos “pais afectivos”. Houve nesse contexto quatro visitas, todas, no entanto, dadas como infrutíferas pelo próprio organismo público. Após tudo isto, o Tribunal de Vila Real, decide que a mãe biológica visitasse a menina todas as segundas e quartas-feiras, na Escola onde dá os primeiros passos na sua aprendizagem formal. Para breve está, contudo, agendada a decisão final deste Tribunal acerca da custódia a IARA MARGARIDA. Entretanto, cresce-nos uma angústia no coração, humedecem-nos os olhos, mas nasce-nos uma esperança no peito. Não desanimamos, confiamos na justiça dos homens, e mais, no seu bom-senso, mas precisamos da ajuda de todos, para que esta menina de 6 anos, que nasceu a 27 de Setembro de 2001, jamais esmoreça o seu belo sorriso. O SORRISO DA IARA QUE É DO TAMANHO DO MUNDO.

Américo Carquejo e Maria da Graça Carquejo
15 de Novembro de 2007
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sábado, 1 de dezembro de 2007

Especialista deixa alerta

Fonte: "Rádio Renascença", dia 1 de Dezembro de 2007


A entrega da custódia de uma menina de seis anos, de Vila Real, à mãe biológica vai ter consequências desastrosas na formação da personalidade da criança, diz a psicóloga Cristina Sá Carvalho.

Em declarações à Renascença, a especialista acredita que a menina não está preparada para se integrar num novo contexto familiar e afectivo.

“Uma criança de seis anos está profundamente ligada às pessoas que a criaram, lançou as bases para a estruturação da sua personalidade e, por muita que esteja a mãe recuperada - que até pode estar e esperemos que sim -, também está a fazer uma aprendizagem que para si é extremamente difícil”, sublinha Cristina Sá Carvalho.

Esta psicóloga considera que a sociedade portuguesa deve fazer uma reflexão, nomeadamente do ponto de vista legal, sobre que é que é estar apto para cuidar de um menor e em relação ao “interesse maior da criança”.

“É altamente improvável que os direitos da criança, que as suas necessidades básicas e mais profundas sejam respeitadas quando ela é retirada à família que a acolheu e, se calhar, também convinha definir estas situações das famílias de acolhimento, para que estes casos não voltem a ocorrer”, argumenta.

O Tribunal Judicial de Vila Real ordenou a entrega à mãe biológica de uma menina de seis anos que vive de os 25 dias de idade com Graça e Américo Carquejo, os pais de acolhimento.

A Segurança Social tinha retirado a menina à mãe desde tenra idade, devido a problemas de toxicodependência da progenitora.

Entretanto, Fernando Miranda, advogado da família de acolhimento, garante que vai recorrer da decisão da justiça.

Já Paulo Souto, advogado da mãe biológica da criança, afirma que esta decisão do tribunal foi de ultimo recurso, e que o casal de acolhimento sempre levantou obstáculos durante o processo.

A defesa da mãe biológica garante, ainda, que estão reunidas todas as condições - emocionais e financeiras - para acolher a criança, sendo que o Tribunal entende que não existe qualquer fundamento legal para a manutenção da menina na família de acolhimento.

RV

Fonte: "Rádio Renascença", dia 1 de Dezembro de 2007

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